Desde meados do ano passado, uma campanha alertando o mundo do arrebatamento da Igreja no dia 21 de maio vem sendo feita por um grupo religioso ligado à Family Radio, liderada por Harold Camping. Recentemente, organizações ateístas americanas começaram uma “contracampanha”, marcando “celebrações do fim do mundo” para os dias 21 e 22 de maio.
Outdoors colocados em algumas cidades como Oakland, Califórnia, sede da Family Radio, afirmam que essa mensagem é absurda.
“Arrebatamento: Você sabe que é absurdo. Há 2000 anos esperando que aconteça a qualquer momento”, anunciam os outdoors financiados por um grupo de ateus americanos.
Segundo o site do grupo American Atheists, haverá uma “festa do arrebatamento” em que as pessoas são convidadas a “aprender a verdade”. Essas celebrações ocorrerão também em Houston, Texas, e Fort Lauderdale, na Flórida.
“Isso mostra como a religião machuca as pessoas”, explica David Silverman, presidente do American Atheists. “Nossa esperança é que aqueles que não são facilmente enganados aprendam com as pessoas que são”.
No início de abril teve início uma campanha nacional pelo reconhecimento do direito de o exército norte-americano contratar capelães ateus, que podem servir aos não religiosos.
O New York Times registrou que, por mais estranho que pareça, grupos que representam ateus e humanistas seculares estão exigindo a nomeação de um representante na capelania militar. Eles esperam com isso dar voz aos que consideram uma grande população de ateus enrustidos nas forças armadas.
Isso reflete a preocupação dos grupos ateus em receber aceitação como organização, possibilitando que distribuam sua literatura, anunciem seus eventos e advoguem suas convicções.
Mas a nomeação de um capelão ateu esbarra em uma das exigências do cargo. O candidato precisa pertencer a um “grupo religioso”.
Jason Torpy, ex-capitão do Exército e atual presidente da Associação Militar de Ateus e Pensadores Livres, disse que assim como um capelão protestante não pode fazer uma missa católica, um capelão humanista não poderia conduzir uma cerimônia de outro grupo.
“O humanismo desempenha o mesmo papel para os ateus que o cristianismo para os cristãos e o judaísmo para os judeus”, disse Torpy em uma entrevista. “Ele responde a perguntas de grande interesse, que dirigem os nossos valores.”
Samantha Nicoll, primeiro-tenente e ateia militante em Fort Bragg, na Carolina do Norte, afirma que um capelão criticou a iniciativa e disse: “Vocês não são um grupo de fé, são um grupo sem fé”. Ao que ela respondeu: “Que outra opção nós temos?”
Embora os líderes ateus reconheçam a aparente contradição de não-religiosos quererem assumir uma posição historicamente reservada a sacerdotes, eles acreditam que ocupar um posto na capelania irá encorajar ateus que acabam condenados ao ostracismo por ter uma visão diferente do mundo.
Estatísticas do Departamento de Defesa dos Estado Unidos indicam que cerca de 9.400 entre o 1,4 milhão de militares da ativa se identificam como ateus ou agnósticos, número maior que os que se declaram judeus, muçulmanos, hinduístas ou budistas. Perto de 90% dos 3.045 capelães em atividade são cristãos, ligados principalmente a grupos religiosos protestantes ou evangélicos. A queixa dos ateus é que esses sacerdotes recebem do governo para ativamente fazer convertidos dentro das forças armadas.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos ainda não se pronunciou oficialmente sobre essa questão.