Juba - O governo do Sudão denunciou domingo em Cartum, ao que considera de "invasão ilegal" do exército nortista contra Abyei, uma região disputada entre o Norte e o Sul do Sudão, onde os combates desses últimos dias reanimam o espectro da guerra civil, noticiou hoje (segunda-feira) a AFP.
Milhares de civis fugiram domingo da cidade de Abyei, assim como tropas sudanesas (nortistas), que assumiram no sábado o controlo da localidade, após
violentos combates.
Segundo a organização não-governamental Médicos sem fronteiras (MSF), que dicidiram encerrar a sua clínica no local, "a população inteira da cidade de Abyei fugiu".
O ministro de Estado sudanês junto da presidência, Amin Hassan Omer, confirmou que o exército sudanês controlava a cidade e "toda a zona ao norte do rio" Bahr al-Arab.
Por seu turno, o Conselho de segurança da ONU apelou Cartum a "cessar as suas operações militares e retirar-se imediatamente da cidade de Abyei e seus arredores", segundo um comunicado lido domingo em Cartum pelo embaixador da França junto desta organização, Gérard Araud, durante uma conferência de imprensa.
Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido, condenaram igualmente essa intervenção do exército do Norte do Sudão.
Em Juba, a capital da região autónoma do Sul do Sudão, que deve tornar-se independente em Julho, o ministro da Informação Barnaba Marial Benjamin, denunciou uma "invasão ilegal que viole todos os acordos de paz e coloca em perigo a vida de milhares de civis ".
Segundo a agência oficial sudanesa de imprensa (Suna), o presidente sudanês Omar el-Béchir, ordenou a dissolução da administração mixta local, criada no quadro dos acordos de 2005, e do protocolo de Abyei, uma adenda assinada em 2008, o que foi deplorado pela ONU.
Segundo o Exército popular de libertação do Sudão (SPLA), o administrador (sulista) de Abyei, é "dado como desaparecido".
Abyei, é um dos principais pontos de tensão desde o fim da guerra civil entre o Norte muçulmano e árabe e o Sul, aioritariamente cristã e negra.