Políticos eram monitorados na era Collor, que hoje é contra abertura de arquivos secretos
São Paulo - As Forças Armadas brasileiras mantiveram funcionando no País um sistema de espionagem política até 1991, quando o presidente era o agora senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), um dos maiores opositores à abertura dos arquivos secretos do governo. A informação é do portal iG, que teve acesso a documentos que já foram classificados como confidenciais e que
agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado de São Paulo.
agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado de São Paulo.
A origem do material é o extinto Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil de São Paulo, onde há sinais de que Exército, Marinha e Aeronáutica trocavam relatórios de conteúdo exclusivamente político entre si e com órgãos de segurança como as polícias Civil, Militar e Federal.
Na mira, estavam partidos de oposição, sindicatos, movimentos sociais e militantes de esquerda. Ainda segundo a pesquisa feita pelo iG, há indícios de que as Forças Armadas infiltravam agentes em reuniões que fossem considerados atos de esquerda. O resultado da infiltração desses agentes era registrado em relatórios que levavam o carimbo “confidencial” e eram enviados para departamentos militares e para as polícias Civil, Militar e Federal.
Nos arquivos do DCS, foram encontrados documentos com timbre das Forças Armadas, que monitoraram debates sobre socialismo, atividades da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e encontros do PT. Nenhum relatório produzido na ocasião registrou atos de violência ou de desobediência civil que justificasse a ação de militares e policiais.
Covas vigiou PT até 1999
Os documentos também indicam que o Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil paulista manteve até 1999 um dossiê sobre o PT. O DCS espionou a maioria dos partidos políticos a partir de 1983, mas legendas como PSDB, PFL e PPS deixaram de ser alvo em 1995, quando o tucano Mário Covas tomou posse como governador. O PT só deixou de ser espionado em 1999, por ordem do próprio Covas, que também foi investigado. A lista de alvos do DCS incluiu, ainda, os ex-presidentes Tancredo Neves, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.