Um "exército" de 40 palhaços ocupará, desta quinta-feira até o próximo dia 15, praças, colégios e centros sociais das cidades de Nablus, Jerusalém Oriental e Ramala tendo como armas narizes vermelhos e uma boa dose de humor.
Eles serão os protagonistas do "Festiclown Palestina", um festival que levará aos palestinos atrações circenses, oficinas e espetáculos. Alguns deles serão apresentados em hospitais e campos de refugiados na Cisjordânia.
"Queremos que durante duas semanas os palestinos possam trocar a tensão por alegria e
aproveitar um festival do nível dos que acontecem em outras partes do mundo. Duas semanas nas quais as bombas sejam de nata, e os mortos sejam de riso", afirmou o diretor do evento e também palhaço, Ivan Prado, em entrevista à agência EFE no campo de refugiados de Shuafat, próximo a Jerusalém.Prado está há um mês e meio na região preparando o Festiclown, que define como uma "aventura" e um "sonho realizado" no lugar do mundo "onde ele é mais necessário". Esta será a primeira vez que o festival deixará a Galícia (noroeste da Espanha), onde foi criado, embora sua realização na Cisjordânia já estivesse programada para o ano passado.
Naquela ocasião, os serviços secretos de Israel impediram Prado de entrar no país por "suspeitas" sobre seus "vínculos com organizações terroristas palestinas". O palhaço espanhol acredita que, desta vez, entrou sem problemas porque seu caso "recebeu bastante atenção da mídia".
Cerca de 20 companhias internacionais, de países como Espanha, Argentina, Chile, Estados Unidos e Portugal vão encher de sorrisos as ruas palestinas. Entre as atrações estão o americano "Patch Adams", conhecido como "O Médico do Riso", e o italiano Leo Bassi.
"Acho que qualquer artista de circo é contra a ocupação e o muro (que está sendo construído nas fronteiras de Israel com os territórios palestinos) porque nossa tradição itinerante vai contra fronteiras e muros e é uma metáfora do multiculturalismo", disse Prado após dirigir uma oficina de expressão corporal no qual pedia a jovens palestinos para subir em cima de uma cadeira e gritar seu sonho.
Prado alegou que o evento não acontecerá também em território israelense pois, segundo ele, complicaria um projeto que já "requer muita energia e logística", por isso disse que seria necessário concentrar esforços "nos que mais necessitam". Ele, no entanto, afirmou não ver com maus olhos uma iniciativa similar dentro de Israel porque "os carrascos são vítimas, e os carcereiros acabam sendo presos".